Bichos

Entre brinquedos, telas e tapetes: como sua casa deve se adaptar ao pet

Ter um pet exige mais do que amor: é preciso adaptar a casa com segurança, conforto e responsabilidade para garantir bem-estar e qualidade de vida ao novo membro da família

Bruna tem em casa 11 cachorros, 5 gatos, um porco e um bode -  (crédito: Foto: arquivo pessoal)
Bruna tem em casa 11 cachorros, 5 gatos, um porco e um bode - (crédito: Foto: arquivo pessoal)

Quem sonha com o amor incondicional de um animal de estimação precisa ir além do impulso e da empolgação inicial. Ter um pet é uma decisão que deve ser tomada com responsabilidade e planejamento. Afinal, trazer um bichinho para casa, seja ele um cachorro, um gato, um coelho ou qualquer outro animal, envolve considerar diversos fatores, desde a escolha da espécie e da raça, até aspectos como o tamanho, o tipo de pelagem,os latidos ou os miados, além de suas necessidades físicas e emocionais.

Independentemente da escolha, um ponto é fundamental: preparar o lar para receber esse novo membro da família de forma segura e acolhedora. Isso significa pensar não apenas no conforto, mas também na adaptação do ambiente para garantir qualidade de vida, bem-estar e, principalmente, segurança.

É comum acreditar que animais grandes precisam de quintais espaçosos ou que gatos vão, inevitavelmente, arranhar sofás e móveis. Embora haja alguma verdade nesses estereótipos, os cuidados vão muito além disso. A criação de um ambiente adequado começa nos detalhes e, muitas vezes, envolve mudanças pequenas, mas de grande impacto.

A médica veterinária Clarissa Rocha explica que a adaptação da casa pode começar com ações simples, como a organização dos espaços do pet. "Separar o local da alimentação do espaço onde o animal faz suas necessidades e do canto de descanso já demonstra atenção ao bem-estar dele", afirma. Além disso, medidas como instalar telas de proteção em janelas, retirar objetos pequenos que podem ser engolidos ou se tornar perigosos e adaptar móveis são essenciais para garantir a segurança do animal, especialmente em ambientes urbanos.

Na casa de Bruna, todo os pets tem camas elevadas que previnem contra o frio e calor do chão
Na casa de Bruna, todo os pets tem camas elevadas que previnem contra o frio e calor do chão (foto: Foto: arquivo pessoal)

Clarissa também fala sobre aquela velha história de que cães, por exemplo, precisam obrigatoriamente viver em grandes quintais. Segundo ela, espaço físico é importante, mas não é tudo. "Um quintal grande nunca vai substituir a interação com o tutor, os eios diários e o tempo dedicado ao pet. Sem estímulos e afeto, o cão pode desenvolver comportamentos indesejados, como latidos excessivos, ansiedade ou apatia", completa.

Adaptação sob medida

A nutricionista Bruna Timponi sabe bem como adaptar um lar pensando nos pets. Apaixonada por animais, ela e o marido chegaram a istrar um hotel para cães e, hoje, compartilham a casa com um grupo grande e seleto de pets que conta com 11 cachorros, cinco gatos, um porco e um bode. Para garantir o bem-estar de todos, realizaram mudanças importantes na estrutura da residência, criando um ambiente funcional e seguro. "Montamos um canil com seis baias, instalamos comedouros e bebedouros separados para os gatos, compramos camas adaptadas ao clima e cercamos áreas sensíveis com portões e grades de proteção", detalha.

Ela conta que pensou em outros detalhes também, como brinquedos específicos para cada tipo de pet e local seguro para armazenar produtos químicos. Verificou ainda quais plantas podem ser venenosas, já que sua porquinha Olivia e o bode Bento tendem a comer as folhas. Tiveram que retirar da casa alguns móveis com tecido atraente para os gatos arranharem e até mudaram o revestimento do sofá para um mais liso que os bichanos não gostam.

Bruna explica que nem sempre as adaptações são esteticamente ideais ou agradáveis para os humanos da casa. "Às vezes, é preciso abrir mão de um tapete bonito ou aceitar que haverá potes de ração e caixas de areia espalhados pelos cômodos. Mas tudo isso faz parte da responsabilidade de cuidar bem de quem depende de nós", reforça. Para ela, essas mudanças são uma demonstração de amor e comprometimento com o bem-estar dos animais.

A nutricionista Bruna Timponi sabe bem como adaptar um lar pensando nos pets.
A nutricionista Bruna Timponi sabe bem como adaptar um lar pensando nos pets (foto: Foto: arquivo pessoal)

"Por isso é muito importante saber de tudo isso antes de decidir ter um pet, porque isso influenciará no modo que o animalzinho vai viver. Se queremos ter um novo membro na família, precisamos abrir mão, sim, de algumas coisas do nosso conforto para eles viverem com a gente", diz.

A dúvida de muitos futuros tutores é se é preciso realizar uma grande reforma para acolher um pet. Um ambiente pensado e adaptado para o conforto e a segurança do pet pode reduzir o estresse e prevenir acidentes, o que contribui para prolongar a vida dele, tornando-o mais tranquilo. Mas não significa que precise fazer uma reforma geral na casa. Segundo a médica veterinária e fisioterapeuta animal Catherine Lara, é possível fazer adaptações pontuais que já promovem um enorme ganho na qualidade de vida dos animais.

"Tapetes antiderrapantes, por exemplo, são fundamentais em casas com piso liso. Eles evitam escorregões e ajudam o pet a se levantar com mais facilidade, especialmente se for idoso ou tiver alguma limitação motora", explica Catherine. Ela também recomenda o uso de rampas ou escadas para facilitar o o a sofás e camas, principalmente para raças com predisposição a problemas articulares, como os dachshunds ou buldogues.

Gatos, por sua vez, adoram explorar alturas. Por isso, é importante instalar prateleiras, arranhadores verticais e nichos seguros, que satisfaçam esse comportamento natural sem colocá-los em risco. As telas de proteção nas janelas e sacadas são indispensáveis, tanto em apartamentos quanto em casas, para evitar fugas e acidentes.

Atenção a detalhes

Além do cuidado com as plantas, alguns objetos presentes em casa também podem apresentar perigo aos pets e devem ser vistos com cuidado, como é o caso dos artigos de decoração. Não é uma proibição total a decorar a casa, mas objetos pequenos que podem ser engolidos ou vidro em locais de fácil queda devem ser retirados do alcance, tanto para evitar qualquer acidente, como o estrago irreparável de coisas de valor.

A porquinha Olivia tem sua própria cama e espaço pessoal
A porquinha Olivia tem sua própria cama e espaço pessoal (foto: Foto: arquivo pessoal)

Catherine explica que filhotes de qualquer animal têm a tendência a morder as coisas por curiosidade e, possivelmente, engolir objetos pequenos — é o caso dos roedores, como coelhos e hamsters, que roem por instinto. "Brinquedos infantis, panos, roupas e até peças de plástico podem ser mastigados e engolidos, causando engasgos ou obstruções intestinais. Por isso, é essencial supervisionar os primeiros dias do pet em casa e adaptar o espaço gradualmente, conforme a personalidade dele vá se revelando", orienta.

Ter um pet é mais do que alimentar e dar abrigo. É oferecer segurança, afeto, estímulos, tempo e, acima de tudo, responsabilidade. Adaptar a casa é um gesto de respeito à vida daquele animal que ará a fazer parte da rotina familiar.

*Estagiária sob a supervisão de Sibele Negromonte

 


  • A nutricionista Bruna Timponi sabe bem como adaptar um lar pensando nos pets
    A nutricionista Bruna Timponi sabe bem como adaptar um lar pensando nos pets Foto: Foto: arquivo pessoal
  • A porquinha Olivia tem sua própria cama e espaço pessoal
    A porquinha Olivia tem sua própria cama e espaço pessoal Foto: Foto: arquivo pessoal
  • Na casa de Bruna, todo os pets tem camas elevadas que previnem contra o frio e calor do chão
    Na casa de Bruna, todo os pets tem camas elevadas que previnem contra o frio e calor do chão Foto: Foto: arquivo pessoal
postado em 18/05/2025 06:00 / atualizado em 18/05/2025 06:00
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