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Estudo aponta que síndrome metabólica aumenta o risco de demência em até 70%

As chances de desenvolver a síndrome são maiores em pacientes com patologias associadas, e especialmente em indivíduos obesos

Pacientes com síndrome metabólica, mas sem obesidade, tem um risco menor de demência dos que com obesidade -  (crédito: Reprodução/ Freepik )
Pacientes com síndrome metabólica, mas sem obesidade, tem um risco menor de demência dos que com obesidade - (crédito: Reprodução/ Freepik )

A definição de síndrome metabólica é um quadro de pelo menos três desses fatores: obesidade, hipertensão arterial, diabetes, aumento da taxa de triglicérides e redução do colesterol bom (HDL). A Academia Americana de Neurologia publica hoje no seu periódico Neurology um estudo que mostra um risco aumentado de demência entre os portadores desta síndrome. O risco teve um padrão cumulativo, ou seja, maior quanto mais critérios da síndrome estavam presentes, com um aumento na chance de desenvolver demência em 70% quando todos os critérios estavam presentes.

A idade dos participantes do estudo merece uma atenção especial. Os indivíduos faziam parte de uma amostra de duas mil pessoas que realizaram um check-up na Coreia do Sul com idades entre 40 e 60 anos em que 25% apresentavam síndrome metabólica. O acompanhamento médio desses indivíduos foi de oito anos e a identificação dos quadros de demência ocorreu antes dos 65 anos, em idades precoces quando comparados à maioria dos diagnósticos de demência. Os resultados mostraram que quanto mais precoce o diagnóstico de síndrome metabólica maior o risco de demência.

Nesse estudo, o subgrupo de pacientes com síndrome metabólica, mas sem obesidade, tinham um risco menor de demência do que aqueles com obesidade. Entretanto, o impacto negativo da obesidade sobre o cérebro já é bem reconhecido, tanto no que diz respeito a habilidades cognitivas, como na morfologia e conectividade funcional. Uma pesquisa longitudinal publicada em março deste ano pela prestigiada revista Nature Mental Health mostrou que essa influência no cérebro é dependente da duração e severidade da obesidade.

*Ricardo Afonso Teixeira é doutor em neurologia pela Unicamp e neurologista do Instituto do Cérebro de Brasília

RA
postado em 24/04/2025 15:00 / atualizado em 24/04/2025 15:00
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