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Mulher engravida com DIU e bebê nasce com dispositivo nas costas

Ginecologista explica que o caso é raro e alerta sobre a importância de acompanhar sempre o posicionamento do DIU

O nome do bebê é Bernardo e ele nasceu saudável -  (crédito: Reprodução/Freepik)
O nome do bebê é Bernardo e ele nasceu saudável - (crédito: Reprodução/Freepik)

Uma mulher do Distrito Federal engravidou mesmo utilizando o dispositivo intrauterino hormonal (DIU). Mas o que mais chamou a atenção nessa história foi o fato de que a criança nasceu com o dispositivo grudado nas costas. O caso foi publicado nas redes sociais pela ginecologista e obstetra Rafaela Frota, no início deste mês, e tem repercutido desde então.

"O DIU não estava transfixando a pele. Só ficou grudado ali por causa do vérnix (essa massinha branca que protege o bebê intra útero)", relatou a obstetra Rafaela. O nome do bebê é Bernardo e ele nasceu saudável.

Mulher engravida com DIU e bebê nasce com dispositivo nas costas
Mulher engravida com DIU e bebê nasce com dispositivo nas costas (foto: Reprodução/Instagram/@drarafaelafrota)

Ao Correio, a ginecologista e obstetra Marcelle Domingues Thimoti pontuou que é possível engravidar mesmo usando DIU, mas é algo extremamente raro. "Mesmo com esses casos de falha, ele continua sendo considerado um método muito eficaz. Porém, não existe nenhum método que seja 100% eficaz", cita.

"Então, a mulher pode engravidar mesmo com o DIU, principalmente quando o DIU não está bem posicionado. Quando a gestação acontece, o dispositivo geralmente vai permanecer dentro da cavidade uterina, ao lado do feto e dos tecidos que se formam para sustentar aquela gestação, como a bolsa amniótica e placenta", acrescenta.

Marcelle destaca, ainda, que quando a gravidez é detectada no início, até 12 a 14 semanas, o DIU pode ser removido para evitar riscos, como infecção e ruptura de bolsa amniótica. "Mas caso não consiga se remover o DIU e ele permaneça dentro do útero, ele pode, sim, migrar e ficar aderido, comumente a placenta ou ao cordão umbilical, mas isso já é extremamente raro", frisa.

"No caso que aconteceu nesse parto, é ainda mais raro, o contato direto com o bebê. Tem relatos muito isolados na literatura, e vale lembrar que apesar do DIU estar aderido ao bebê, ele está apenas em contato físico superficial, não se integrou com os tecidos do bebê. É um evento possível, mas extremamente incomum", continua a médica.

Marcelle também destacou a importância de acompanhar sempre o posicionamento do DIU. "A gente orienta o seguinte: toda mulher que usa DIU e percebe qualquer sinal de gravidez, como atraso menstrual e sangramento fora do esperado, deve procurar imediatamente um ginecologista para fazer os exames de rastreio, para conferir se o DIU está no lugar ou se não está gestante. Isso porque a gravidez com o DIU tem um risco um pouco maior de complicação, como aborto, infecção, gestações fora do útero e até mesmo ruptura precoce da bolsa amniótica", explica.

Segundo o Ministério da Saúde, o método contraceptivo tem eficácia acima de 99% — índice maior ao da pílula anticoncepcional e equivalente à laqueadura.

DIU com cobre pode ser utilizado por até 10 anos. O cobre tem ação espermaticida, ou seja, destrói os espermatozóides, impedindo a penetração no útero. Já o DIU com hormônio libera a progesterona no útero gradualmente por cinco anos. Esse hormônio altera a secreção do colo uterino, impedindo a penetração dos espermatozóides.

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postado em 21/05/2025 12:12 / atualizado em 21/05/2025 14:54
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