
Avó por cinco vezes e mãe de três cidadãos de destaque na cena política, empreendedora e médica do DF, a alfabetizadora Maria Maryland Grangeiro Leite de Oliveira, 82 anos, que faleceu na última sexta (3/5), depois de 12 dias de internação na UTI do Hospital Santa Luzia, foi sepultada na manhã deste domingo (4/5), sob forte emoção dos amigos e familiares, no Campo da Esperança.
"Perdi a minha mãe, então, eu tinha Dona Maryland como minha metade. Não era mãe de sangue, mas, para mim, ela era um pedaço de mim. Ela sempre olhava pelo próximo, sendo muito católica. Uma pessoa maravilhosa, que se formou, muito nova, no Ceará, e alfabetizou muitas pessoas nas escolas públicas", comentou Dielle Braga, por 10 anos, cuidadora da educadora cearense, que chegou na capital em 1982. "Ela era uma mãezona, e amava os netos com tudo. Tinha um coração incrível", atesta Dielle, que comentou do extenso círculo de amizades da octogenária.
Neste círculo estava a aposentada Inês Lima. "Trabalhamos, juntas num escritório. O marido dela era colega do meu pai. Para a Maryland só tenho elogios Ela era muito generosa. irava muito a amizade que ela tinha por mim", conta Inês, há 50 anos moradora de Brasília. Ela prossegue, no fio das memórias junto à amiga de anos. "Ela ou tudo de bom para os filhos. E eles foram bons demais com ela. Fazem o que o bom filho faz: davam enorme assistência".
"Com minha mãe, vai a melhor parte de mim. Todos nós, irmãos, aprendemos a ler, antes mesmo de entrar na escola, com ela. O legado da minha mãe é o de coragem, generosidade e acolhimento — uma grande mulher, que foi professora desde 16 anos", observou o procurador de Justiça e ex-deputado Chico Leite. Agnóstico, Chico confirmou a capacidade de comunhão junto aos irmãos o espírita Pedro Oliveira, médico do Hospital de Base, e o católico ex-secretário do GDF Valdir Oliveira.
O médico Pedro, do Hospital de Base, destaca da mãe o amor à família e à educação. "Sou o caçula, e lembro muito, em Fortaleza, quando ela atuava em escolas públicas, sempre eava comigo, cantando Menino de Braçanã. Lembro também de ela indo na casa de pais, e cobrando a presença das crianças na escola. Era muito dedicada e carinhosa", pontuou.
Casada desde 1963 com Antônio Valdir de Oliveira, auditor fiscal do Tesouro Nacional, Maria, há três anos, encarou a viuvez. "A minha mãe, com meu pai, era um amor que era uma simbiose. Depois da agem , ela ouvia Roberto Carlos, e escrevia cartas para ele. Preencheu seis cadernos. Ela seguiu o caminho — temos que entender isso", observou o ex-diretor superintendente do Sebrae Valdir Oliveira, filho de Maria Maryland.
O ex-governador Rodrigo Rollemberg, presente ao velório, traduziu a sensação de sempre ter estado ao lado da família: "O conforto é quando, da vida, você viu que construiu uma família exemplar; de pessoas muito boas, em escala humana e profissional. Fica o legado de uma família muito solidária. Todos os filhos são qualificados, educados, corretos e generosos", definiu o secretário de Economia Verde, Descarbonização e Bioindústria do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.