
Antônio Gaudério vivia a carreira como fotojornalista prestigiado e colecionava prêmios quando um acidente doméstico mudou a vida dele para sempre. A história do então jornalista da Folha de S.Paulo que perdeu a memória em 2008 após um acidente doméstico é conhecida, mas agora é contada de outra forma, sob a ótica da filha, Ana Aurora Borges.
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Na terça-feira (20/5), um vídeo da jovem sobre a história do pai repercutiu na internet. Segundo Ana, a postagem é uma forma de levar para as redes sociais toda a trajetória profissional e a curadoria que hoje Gaudério faz das próprias fotos.
Reinvenção
“Eu costumo dizer que meu pai zerou o HD”, conta a artista. Em 2008, após o acidente, Antônio Gaudério precisou fazer uma cirurgia de remoção da massa encefálica, o que fez com que ele perdesse toda a memória e ficasse com sequelas. O fotógrafo precisou reaprender tudo do zero, a andar, a falar e acabou se afastando da fotografia. Na época, Ana tinha 13 anos.
Essa história sofreu uma reviravolta quando ela estava na faculdade de letras. "Eu estava estudando crônicas de denúncia quando parei para pensar e falei ‘eu acho que eu tenho uma pessoa que trabalhava com denúncia muito perto de mim’”, relatou. Foi quando ela começou a se debruçar sobre o trabalho do pai, um fotojornalista ativista e inconformado com a realidade social que fez registros de temas como prostituição e trabalho infantil, chacinas e o início da Cracolândia.
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“Eu me apaixonei pelo que eu vi e resolvi fazer um exercício de apresentar o trabalho do meu pai para ele”, conta. Mesmo sem lembrar das obras que tinha feito, Antônio Gaudério resolveu voltar atuar na fotografia. Agora, o artista faz uma curadoria e posta diariamente fotos antigas com uma nova perspectiva sobre a própria obra.
A história chamou a atenção de iradores, como a fotojornalista Gabriela Biló, e ex-colegas de trabalho, além de novos seguidores. “Sigo seu pai há um tempo e não fazia ideia de quem ele era e o que ou, mas a partir desses relatos já o iro ainda mais”, diz um comentário.
Entre os trabalhos memoráveis, o fotógrafo foi reconhecido com o Prêmio Vlir Herzog de 1993, Prêmio Ayrton Senna de Fotografia em 2000 e os prêmios Folha de Jornalismo de 1995, 1998 e 2007.