Há algum tempo, recebi Aquarela brasileira, livro que reúne entrevistas feitas por Juarez Fonseca, jornalista e crítico musical gaúcho, com artistas de diferentes gerações e gêneros musicais, ao longo da década de 1980. Como havia outras publicações à frente, só na semana ada é que pude me ater a esse lançamento da LPM &,Editores.
Na parte interna da contracapa, escrevi um breve texto em que me refiro à exitosa trajetória do autor: "Juarez é um dos remanescentes de uma geração de jornalistas e críticos musicais que, com brilhantismo e elegância, desenvolve um trabalho voltado para o engrandecimento da mais popular e relevante expressão artística do país".
Dorival Caymmi, Luiz Gonzaga, Caetano Veloso, Roberto Carlos, Erasmo Carlos, Ney Matogrosso, Paulinho da Viola, Zé Keti, Dick Farney, Lúcio Alves, Lulu Santos, Evandro Mesquita, Guilherme Arantes, Marlene, Elis Regina, Maria Bethânia, Nara Leão e Rita Lee são alguns dos 25 entrevistados.
Uma das entrevistas mais contundentes foi a de Gilberto Gil, que tem como título Gosto do que é desafiador, arriscado e aventureiro. Ao responder a uma das perguntas, relacionada com trecho da letra da canção Pai e mãe, na qual ele fala em "beijar outros homens", o compositor ressaltou: "Era assim uma manifestação de camadas até então subterrâneas de minha personalidade, coisas que até então não haviam se tornado explícitas e que ali naqueles momentos de vivência e de poesia, naquela conjuntura, se tornaram".
O título atribuído à entrevista foi extraído de uma das respostas em que Gil afirma Gosto do que é desafiador, arriscado, aventureiro, ao se referir ao trecho da letra de Pai e mãe que diz: "Eu ei muito tempo aprendendo a beijar outros homens, como beijo meu pai".
Está aí uma premissa que o extraordinário cantor e compositor soteropolitano, um dos criadores do movimento tropicalista, sempre autêntico e coerente, levou adiante em sua longa carreira musical. Gil é dono de uma vitoriosa trajetória que vem celebrando com a turnê do show Tempo rei, que, no dia 7 de junho, chegará a Brasília para apresentação na Arena Mané Garrincha.
PS. Dediquei a Juarez Fonseca o artigo intitulado Músicos dos Pampas, que publiquei aqui neste espaço, em 21 de maio de 2024, em meio à intempérie vivida pelos gaúchos durante o desastre climático provocado pelos temporais que inundou algumas cidades do Rio Grande do Sul.
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